domingo, 26 de maio de 2013

Amor, Anarquia, Frida e Frisante...

O amor que falo nesse post é o romântico, levando-se em conta, que o sentimento mais nobre e revolucionário desenvolvido pelo ser humano também pode se manifestar de outras formas.
Durante quase 7 anos sofri por amor, primeiro por causa de uma garota que gostei de verdade, e esse período de auto-mortificação durou um pouco de mais de 3 anos, e para esquecer a minha ex que tive uma história breve de 1 mês demorou um pouco mais de 2 anos para cicatrizar as feridas que a minha ex me fez ao me dar um fora.
Demorei mais 2 anos para amar de verdade de novo, mas não fui correspondido mais uma vez, apesar de lutado pra caramba pelo amor da mina, acabei levando a pior no capitulo final que foi no dia 26 de outubro do ano passado há 7 meses atrás, eu fiquei arrebentado por dentro por ter perdido a mina que mais amei nessa vida, foi um período complicado que me trouxe importantes lições.
Coloquei a minha história, triste diga-se de passagem, para expor meus motivos para estar mudando, de estar tendo ponto de vistas cada vez mais anarquistas, desligados da posse amorosa, porque não adianta nada haver liberdade para apenas um dos lados de uma relação.
O ciume é o contrário do amor, pelo fato de representar a insegurança e a necessidade desesperada de possuir quem se ama a qualquer custo e o verdadeiro amor é desprendido, espontâneo, e portanto livre
sem qualquer forma de coerção ou "empurrão" de amigo(a).
Hoje posso afirmar categoricamente, estar tranquilo e sereno com relação ao amor, pelo fato de o Amado Batista estar sozinho há 20 anos, e levando a vida de boa.
Nesse "meio" tempo(durante os ultimos 7 meses) o "Castelinho" da Rua Dos Ingleses, foi um laboratório e tanto para observar relações sem amor com "cheiro" de coerção e poder, baseadas em interesses financeiros, status, e velhas simbologias ainda impregnadas em pleno século XXI, e o mais irônico nisso tudo que Frisante é uma peça que faz uma crítica a ganância.
Na hora me veio a cabeça ao observar esses casais que não se amam, parte de O Principio Anarquista e Outros Ensaios de Piotr Kropotkin que diz o seguinte:
"Os Anarquistas dizem o seguinte: pelo fato que se deram um ao outro, a união do homem e da mulher não é indissolúvel, não estão condenados a terminar seus dias juntos se acontecer de se tornarem antipáticos um ao outro. O que sua livre vontade formou, sua livre vontade pode desfazer."
Em resumo: ninguém é obrigado a se manter numa relação danosa, porque o meio social fica dizendo para fazer essa asneira, nenhum conforto ou vantagem compensa a falta de cumplicidade e amor.
Para conseguir desencacnar da mina que amei intensamente, as sabedorias anarquista, budista e pagã estão sendo vitais nesse processo.
Pois no dia seguinte a grande tragédia fui no Dia do Orgulho Pagão com a minha irmã que numa consulta no Tarô Solidário que consistia na doação de 1 Kg de alimento não perecível a cada três perguntas, sendo que levei 3 Kg (1 de açucar, 1 de feijão e 1 de arroz) nessa consulta o conselho foi de que eu precisava efetuar mudanças internas, segundo o resultado das cartas segundo a interpretação da minha irmã, que é bastante realista e atual, sendo que esse foi o primeiro passo que dei em direção a liberdade atual.
Uma frase de Mikhail Bakunin foi um incentivo e tanto nessa direção atual que é a seguinte:
"Amar é querer a Liberdade, a completa independência do outro; o primeiro ato do verdadeiro amor é a emancipação completa do objeto que se ama; não se pode amar verdadeiramente a não ser alguém perfeitamente livre, independente, não só de todos os demais, mas também e sobretudo daquele de quem é amado e a quem ama."
Quando comecei a sofrer por amor, não percebia o quanto estava sendo incoerente com a bandeira preta* que com o tempo descobri ter uma afinidade real.
*do Anarquismo
Bakunin me fez perceber o quanto eu estava sendo egoista e possesivo e o quanto estava me auto-infligingindo de dor a toa.
O melhor quando não tá dando certo é apenas desencanar e seguir em frente com outras atividades.
No começo do ano li "O Evangelho de Buda" que me ajudou bastante a desencanar da minha amiga cantora, me ensinou a importância do desapego, de como passamos por situações trágicas com as perdas da vida.
Essa parte do processo foi completada com o artigo da Emma Goldman sobre o ciume que mencionei num artigo anterior, que me fez ver o quanto eu estava sofrendo e trazendo sofrimento, com o sentimento de posse, com o ciume, e com meu apego ao zenite.
Ontém pensei na minha primeira aula de Teatro com a professora virginiana de traços eslavos, ela passou a turma um livro da pintora mexicana Frida Kahlo que sofreu por amor de uma maneira extremamente profunda e debilitante, é um ponto que não quero chegar de forma alguma, ela viveu uma relação de amor extremamente desequilibrada, se não bastasse os acidentes e os problemas de saude que a deixaram estéril.
Foi cruel o marido ter ficado com a irmã dela e a Frida ter visto isso, apesar dela ter tido as aventruras dela também.
Em Frisante, Atéia, quando diz:
"Meu pai foi marxista, e hoje é liberal", talvez tenha uma ligação implicita, na qual esse pai seja um Diego Rivera(marido da Frida Kahlo) da vida que se transmutou num Friedman ou num Mises da vida, e a mãe da Atéia tenha sido inspirada na Frida Kahlo, caso ela pudesse ter filhos.
O outro motivo de ter começado a escrever esse blog, foi um link foi um link que a minha irmã me passou que um amigo dela repassou de um site chamado Libertarianismo, cujo texto numa parte diz que uma relação amorosa é um jogo de interesses, o que discordo plenamente, pelo fato de ter haver amor e afinidade reais para se manter, pois o casamento sem amor e cumplicidade é apenas um pedaço de papel lavrado no cartório e legalizado pelo estado, ou seja uma mera formalidade juridica e a cerimonia de casamento um evento religioso e social oneroso.
Kropotkin em O Prinicipio Anarquista e Outros Ensaios também defende o amor livre no seguinte trecho:
"Dois seres que se amam não precisam da permissão de um terceiro para se deitarem juntos; a partir do momento que sua vontade leva-os a tomar esta decisão, a sociedade nada tem a ver , e menos ainda a interferir."
Trazendo essa sabedoria anarquista do século XIX para os dias de hoje, ninguém deve interferir numa relação entre duas pessoas, não importando se for um casal hetero, de gays,ou de lésbicas, por exemplo, alguma diferença socio-econômica ou acadêmica, até mesmo alguma diferença religiosa ou qualquer suposto impeditivo, desde que se tenha algum discernimento e alguma responsabilidade.
E Bakunin também é tão atual nesse campo como Kropotkin, pois pelo que entendo essa independência se estende ao campo das finanças que pode muito bem ser uma crítica a procura de muitas mulheres por homens provedores, que as tratam como propriedade deles, e mesmo liberdade econômica de Malatesta, por uma releitura adaptada ser uma contraposição a esse ponto de vista arcaico.
Nisso, resumo aqui uma conclusão:" Amor e Finanças devem estar separadoss, caso contrário o jogo de interesses toma conta", essa dependencia construida pelo patrimonialismo e pelo patriarcalismo ainda persiste em pleno século XXI, e demanda esforço para se alcançar um ponto de equilibrio, rompendo essa mentalidade arcaica, e ao meu ver os passos decisivos devem ser dados desde já para se alcançar essa emancipação de ambos os lados, acabando-se com o poder e a submissão, e a partir desse ponto só importar o amor e a cumplicidade, com as questões economico-financeiras em ultimo plano.
Para fechar esse assunto, o farei de forma poética, com uma composição feita por mim durante a semana.


Um ano Depois 
Um ano que passou como um século...
Aqueles dias românticos passados...
Hoje estão mais distantes que nunca...
São apenas lembranças...
Do que não volta mais...

Dias que me lembro...
Mas não sinto mais...
Aquela Segunda-Feira Intensa...
Continua viva num poema...
Mas longe de mim...
Só lembra uma lacuna não preenchida...






Nenhum comentário:

Postar um comentário